sexta-feira, 4 de julho de 2014

Qual a diferença entre trabalho e energia potencial?

O princípio do trabalho - energia é um dos conceitos fundamentais na introdução à física. É tão importante que nos livros pode acabar meio confuso, mas não precisa ser assim.

Como os livros introduzem o princípio trabalho - energia?

Não verifiquei todos os livros todos os livros introdutórios, mas todos parecem seguir um mesmo roteiro. Falar nisso, esse artigo é baseado em álgebra, isso quer dizer, nada de integração nem de produtos vetoriais.

Geralmente é assim:

Conservação de energia: Muitos textos começam com afirmação de que "a energia não pode ser criada nem destruída".


Tipos de energia
Definição de trabalho. O trabalho é definido como a propriedade de transformar energia. Sei que parece estranho, mas muitos livros usam essa definição circular. Em seguida definem o trabalho de uma maneira ou outra. Geralmente algo desse tipo:

Só para informar, é uma excelente definição de trabalho.

Trabalho não conservador. Essa é a abordagem que a maioria dos livros tentam ensinar. É sua versão do princípio trabalho-energia.

Trabalho não conservador é aquele que depende do caminho. Trabalho conservador independe do caminho. Um bom exemplo de trabalho não conservador é aquele realizado pelo atrito. Suponha empurrar um bloco pelos caminhos do ponto A ao ponto B.


O trabalho realizado ao longo do caminho 2 vai ser maior do que pelo caminho 1. No entanto, se o trabalho fosse realizado pela gravidade (sem atrito) ele dependeria apenas dos pontos de início e fim. A gravidade é conservadora, atrito é não conservador. O que isso importa? Bem, é que pode ser mostrado que com qualquer força conservadora (gravidade, molas, eletrostática) pode-se criar trabalho em potencial em vez de "realizado por".

Casos especiais. E os casos especiais onde o trabalho (não conservador) é zero? Nesses casos dizemos que a energia é constante. Escolha quaisquer dois pontos no espaço e a afirmação abaixo será verdadeira:
Isso não está errado, mas se aplica apenas para o caso especial onde o trabalho é zero.

Uma abordagem diferente.

Por que uma outra abordagem? É porque eu acho a abordagem acima um tanto desconexa e confusa. Vou mostrar como apresento nas aulas, mas primeiro um par de observações. Meu ponto de vista é de boa parte influenciado pelo livro Matters and Interactions (que acho excelente). Dois, pode criar um problema quando sua abordagem não coincide com o livro.

O que é energia? A energia é apenas uma maneira de enxergar o mundo. O princípio trabalho-energia é uma ferramenta matemática que serve muito bem para prever e explicar fenômenos do mundo real. E só. O princípio trabalho-energia simplesmente funciona.

A versão mais simples do princípio trabalho-energia se aplica a uma partícula singular. A definição acima ainda é válida, mas no caso de uma partícula o princío é:

É isso, uma partícula só pode ter energia cinética. Nota: no livro Matter and Interactions isto seria W=ΔE onde E é a energia da partícula.

É tudo uma questão do sistema. Se deseja energia potencial é preciso usar um sistema que inclui mais que uma massa. Consideremos uma bola em repouso perto da superfície terrestre caindo uma distância h.


Usando um sistema incluindo apenas a bola (que aproxima a uma massa singular), posso observar o trabalho realizado na bola enquanto está caindo. Que forças atuam na bola? Só a gravidade (mg). Como a força da gravidade está na mesma direção do deslocamento, o ângulo entre os dois é zero. Posso então escrever:
Disto pode derivar a velocidade na posição inferior. Bem fácil.

E se eu mudar i sistema de forma a incluir a bola E a terra? Nesse caso posso subtrair o trabalho realizado pela gravidade dos dois lados da equação. Isso daria:

Algebraicamente, essa é a mesma equação de antes. No entanto, ela diz que nenhum trabalho é realizado no sistema, e em vez disso temos uma alteração na energia potencial (U). A mudança na energia potencial então fica definida como o negativo do trabalho realizado pela força. Tecnicamente, essa é a energia potencial gravitacional do sistema bola-terra. No final, acabaria com a mesma expressão de antes (com o sistema da partícula singular).

Mas cuidado. Não pode realizar trabalho tanto pela gravidade como pela mudança na energia potencial. Tem que ser um ou o outro.

Significa que o passo mais importante na solução de problemas envolvendo trabalho e energia é a escolha do sistema. Para forças internas (como a gravidade), sempre terá um termo de energia potencial.

E quanto a casos especiais de conservação de energia? Podem muitas vezes ser úteis, mas é preciso lembrar que são casos especiais.

Resumo:

Lendo esse post, noto que que pareço o sujeito de Spinal Tap argumentando que seu amplificador é melhor porque o volume marca até 11. Pareço estar dizendo a mesma coisa dos livros, mas vou destacar os pontos principais:

Se está se envolvendo com trabalho sem um sistema, perdeu alguma coisa.
Pode resolver quase todos os problemas na física introdutória usando uma partícula pontual como sistema e deixar todas as forças nessa partícula realizar trabalho. Não precisa nem energia potencial.
Se está usando energia constante, tome cuidado. É verdadeira em apenas alguns casos.

Artigo original em: http://www.wired.com/2014/07/whats-the-difference-between-work-and-potential-energy/

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O tradutor é técnico em eletrônica, tendo trabalhado com instrumentação industrial, automação e controle de processo, programação de computador e supervisão de equipe de montagem. Fora o português tem fluência total em inglês e sueco. Faz traduções técnicas desde 2005.

Informações de contato se localizam em
http://www.hotfrog.com.br/Empresas/Tradutor-Guaiba e
http://guaiba.olx.com.br/traducoes-ingles-portugues-e-sueco-iid-617619640

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Trinca de buracos negros podem dar pistas na busca de ondas gravitacionais.

 A descoberta de três buracos negros supermassivos em órbitas próximas a mais de quatro bilhões de anos-luz da terra pode ajudar astrônomos na busca de ondas gravitacionais; as ondulações no espaço-tempo previstas por Einstein.

Um grupo internacional, incluindo cientistas da universidade de Oxford, liderados por Dr. Roger Deane da universidade de Cape Town, examinaram seis sistemas com possibilidade de serem compostos de dois buracos negros supermassivos.

O grupo descobriu que um desses sistemas tem três buracos negros supermassivos - a trinca de buracos negros mais compacta descoberta nessa distância - com dois deles orbitando como estrelas binárias. A descoberta sugere que esses sistemas compactos podem ser mais comuns que se imaginava.

Um relatório da pesquisa está publicada na revista Nature.

Dr. Roger Deane da universidade de Cape Town comentou: "O mais extraordinário, para mim, é o fato desses buracos negros, no extremo da teoria geral da relatividade de Einstein, circulam um ao redor do outro a uma velocidade 300 vezes maior que a velocidade do som na terra.

Além disso, combinando os sinais de radio-telescópios em quatro continentes podemos observar esse sistema exótico a um terço do fim do universo. Me empolga que isso é apenas o começo de uma longa lista de descobertas que esperamos fazer com o Square Kilometre Array (SKA) (Conjunto de radiotelescópios em fase)."

Professor Matt Jarvis do departamento de física da universidade de Oxford, co-autor do relatório, comentou: "A teoria geral da relatividade prevê que buracos negros se fundindo irradiem ondas gravitacionais, e nesse caso temos detectado três buracos negros em órbitas tão próximas que possam ser antes de colidirem e se fundirem.

É encorajante a noção que podemos encontrar mais dessas fontes de ondas gravitacionais, e saber de onde emanam esses sinais nos ajudará a detetar as 'ondulações' no espaço-tempo quando distorcem o universo."

O grupo usou uma técnica conhecida como Very Long Baseline Interferometry (VLBI) (Interferometria com base extremamente longa) para descobrir os dois buracos negros interiores. É uma técnica de combinar os sinais de grandes readiotelescópios com separações de até 10.000 km, possibilitando a onservação de detalhes com 50 vezes mais nitidez que o telescópio espacial Hubble.

A descoberta foi feita com a rede VLBI européu, um conjunto de antenas européias, chinesas, russas e sul-africanas, mais o observatório Arecibo de 305 metros em Puerto Rico. No futuro espera-se que telescópios tipo SKA sejam capazes de detetar as ondas gravitacionais desses sistemas de buracos negros na medida que suas órbitas encolhem.

No momento sabe-se muito pouco sobre os sistemas de buracos negros tão compactos que emitem ondas gravitacionais. Comenta professor Jarvis: "A descoberta sugere não só que pares de buracos negros emitindo ondas de rádio sejam mais comuns que se pensava, mas também prevê que radiotescópios como MeerKAT e o African VLBI Network (AVN) (Rede sul-africano VLBI) podem contribuir e auxiliar na deteção e estudo dos sinais das ondas gravitacionais. Mais adiante no futuro o SKA nos permitirá descobrir e estudar esses sistemas em detalhes extraordinários e nos fornecer uma maior compreensão de como os buracos negros moldam as galáxias ao longo da história do universo."

Dr Keith Grainge da universidade de Manchester, outro autor do relatório, comenta: "Essa descoberta impressionante mostra bem o poder da técnica do VLBI, cuja nitidez extraordinária cria uma visão bem ao fundo das galáxias distantes. O observatório da próxima geração, o SKA, está sendo projetado tendo as capacidades de VLBI bem em mente."

Mesmo que a técnica de VLBI foi essencial para descobrir os dois buracos negros interiores, o grupo também mostrou que a presença de buracos binários pode ser revelada em observações de grande escala.

A movimentação do buraco negro influencia a forma dos seus jatos, torcendo-os em formato helicoidal. Mesmo que os buracos estejam tão próximos que os telescópios não os separem, os jatos espiralados são indicadores, como tochas marcando sua localização no mar. Isso pode deixar os futuros telescópios como MeerKAT e SKA com uma maior eficiência na descoberta de buracos negros binários.

Artigo original:
Black hole trio holds promise for gravity wave hunt
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O tradutor é técnico em eletrônica, tendo trabalhado com instrumentação industrial, automação e controle de processo, programação de computador e supervisão de equipe de montagem. Fora o português tem fluência total em inglês e sueco. Faz traduções técnicas desde 2005.

Informações de contato se localizam em
http://www.hotfrog.com.br/Empresas/Tradutor-Guaiba e
http://guaiba.olx.com.br/traducoes-ingles-portugues-e-sueco-iid-617619640