sexta-feira, 8 de abril de 2016

Whatsapp implementa criptografia ponta-a-ponta

Nesta terça-feira Whatsapp, o aplicativo de mensagens do Facebook usado por mais de um bilhão de pessoas, implementou criptografia total no seu serviço, garantindo que só o remetente e o receptor possam ler as mensagens enviadas.

Conhecido como “criptografia ponta-a-ponta”, se aplica a fotos, vídeos e mensagens de grupo enviados entre usuários em mais de 50 línguas pelo mundo, incluindo Índia, Brasil e Europa. Anteriormente apenas textos entre indivíduos eram completamente criptografados.

“Todos os dias temos relatórios de informações sensíveis sendo acessados indevidamente ou furtados”, Whatsapp declarou num blog post. “Nos próximos anos as comunicações e dados digitais das pessoas serão cada vez mais vulneráveis a ataques.”

“A criptografia ponta-a-ponta nos protege destas vulnerabilidades”, informa a empresa.

A ação põe Whatsapp no impasse entre empresas de tecnologia e investigadores criminais sobre o acesso a dados digitais. Um impasse que coloca as ideias libertárias do Vale de Silício contra as preocupações com a segurança nacional do governo federal. Criptografia mais eficiente torna difícil ou impossível para as agências interceptarem as mensagens do Whatsapp para investigações.

O governo também teve problemas semelhantes com empresas como Telegram, Signal e Wickr Me, serviços de mensagens que oferecem opções de criptografia.

O debate sobre o acesso a dados digitais eclodiu em fevereiro quando no ano passado a corte federal de Califórnia mandou a Apple ajudar em abrir um iPhone pertencente ao atirador no massacre de San Bernardino em Califórnia. O diretor geral da Apple, Timothy D. Cook resistiu à ordem, alegando a necessidade da empresa proteger os indivíduos. Agentes da lei, incluindo o diretor da FBI James B. Comey criticaram a criptografia como um impedimento a investigações, incluindo terrorismo.

Há um mês num comício o presidente Obama se opôs à postura das empresas de tecnologia em relação à criptografia. Em seguida o departamento de justiça cancelou a demanda de a Apple abrir o iPhone, dizendo ter encontrado outro meio, não revelado, para entrar no aparelho.

A FBI se preocupa principalmente com a criptografia do Whatsapp, por causa do enorme número de usuários e o grande alcance internacional. Com o crescimento das comunicações através de serviços de mensagens, textos, vídeos, fotografias etc. criptografados podem se tornar mais problemáticos para as forças da lei do que dispositivos bloqueados. A criptografia do Whatsapp será habilitada por padrão, o usuário não precisa intervir manualmente.

Já antes o Whatsapp esteve em conflito com a lei sobre os dados digitais. Há um mês a polícia federal prendeu um executivo do Facebook por não revelar informações de uma conta do Whatsapp numa investigação de tráfico de drogas. O executivo foi posteriormente liberado.

Nos Estados Unidos o departamento de justiça está discutindo como proceder numa investigação criminal onde um juiz federal aprovou a escuta telefônica, mas a criptografia do Whatsapp frustrou os investigadores.

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